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A clínica com adolescentes

Tadeu Roberto de Abreu

         Cada vez maior o número de jovens que apresentam

sofrimento psíquico / problemas de ajustamento e que nos

procuram em busca de ajuda:

  1. Questionamento vocacional;

  2. Problema com autoridades;

  3. Uso e abuso de drogas;

  4. Abuso sexual;

  5. Sexualidade indiscriminada;

  6. Comportamento de risco;

  7. Impulsividade;

  8. “Más” companhias e grupos de risco;

  9. Comportamento antissocial;

  10. Problemas com auto imagem e imagem corporal;

  11. Depressão;

  12. Tentativa de suicídio;

  13. Angústia;

  14. Fobias;

  15. Persecutoriedade;

  16. Psicoses;

  17. Introspecção excessiva;

  18. Regressão infantil.

          A demanda por tratamento pode ser indireta (ou seja, chegam através da preocupação dos pais ou professores), mas aderem fielmente à proposta. Apesar das controvérsias no meio psicanalítico quanto a possibilidade de análise e necessidades de adaptações da técnica, eles obtêm enormes benefícios de uma boa relação terapêutica.

             A adolescência é um período crítico, de reestruturação edípica, socialmente perigoso e, como é óbvio, de formação de personalidade que merece especial atenção dos responsáveis. Período transitório entre um corpo e outro, entre antigos amigos, namorada(o), identidade sexual, hobbies, incertezas quanto ao futuro e mudanças cognitivas que geram inquietudes e angústias. Para alguns transtornos mentais, como é o caso da esquizofrenia, a adolescência é sua fase de manifestação.

        Particularmente, no início de carreira, não admitia adolescentes para psicoterapia por acreditar nas ideologias que me foram passadas na formação quanto à transitoriedade da fase de desenvolvimento e da dificuldade em formar um vínculo terapêutico. O fato de não apresentarem demanda espontânea para terapia talvez me assustava quanto a me sentir um intruso na história e a possibilidade do fracasso terapêutico quando estamos em início de carreira tem um peso para o jovem terapeuta. Felizmente, cedo descobri que a falta de uma estrutura fixa não impossibilitava a análise do material inconsciente e nem o estabelecimento da transferência. Os adolescentes são bastante permeáveis ao diálogo terapêutico, críticos e motivados para a reflexão, formam um bom vínculo e, no final, acaba sendo um prazer trabalhar com eles. O analista apenas precisa resistir ao "convite" para atuar em um papel de mentor ou juiz das relações externas e internas do paciente. Ocupar o lugar de amigo também colocaria a psicoterapia em risco, visto que é comum os convites para festas de aniversário, para ir em shows da banda ou para assistir a apresentação que fará no teatro.

           Geralmente quem detecta os problemas são os pais ou professores e o pedido destes é, na maioria dos casos, para colocar um “limite” ou para descobrir a natureza dos pensamentos que subjazem os comportamentos estranhos que apresentam. Há, por isso, enorme desconfiança dos pacientes quanto a este profissional que está sendo contratado por seus pais. Nesse sentido, a integridade do profissional fará total diferença na adesão ao tratamento. O contrato sobre o funcionamento das sessões deve ser firme e claro quanto aos papéis de cada um no processo. Precisa ficar muito claro que o sigilo precisará ser quebrado em caso de hetero e auto agressão, comportamento de risco ou tentativa de suicídio. Manter essa coerência é fundamental para não quebrar o vínculo de confiança e para trabalhar com limites.

 

          Uma psicoterapia apresenta-se de fundamental importância para repensar velhos padrões de pensamento / comportamento, inscrevendo uma diferenciação na compulsão à repetição, reforçando a estrutura de personalidade e equipando-os para resolver seus conflitos da vida cotidiana para aprender com a experiência. 

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